Abraçar-se
Eu te amo, Carol
Semana passada, fiz minha primeira consulta da vida com uma psicóloga gestaltiana. Gostei muito da experiência. Contei pra ela que tenho feito da saúde mental e física minha prioridade número 1. Disse que estou na natação e na yoga e que amo fazer essas atividades. Que quero comprar uma bicicleta e patins pra rodar pelo bairro. Que tenho buscado me alimentar com mais consciência. Que tenho cultivado minhas amizades e minhas relações familiares. Que pela primeira vez na vida estou me dando a importância que mereço. Quando terminei o discurso de autocuidado, ela estava sorrindo e disse: “Sabe a sensação que eu tive enquanto você falava? Parecia que você tava abraçando a si mesma.” E eu amei o fato de ela ter dito isso porque casou muito com um momento que tive algumas semanas atrás. Em outra sessão de terapia, com outro psicólogo, de outra abordagem (terapia cognitivo-comportamental – TCC), falei sobre não ser tão dura comigo mesma e perdoar as minhas próprias falhas. Me lembro de ter dito que havia lido a frase “Seja tão gentil consigo mesma quanto você é gentil com seus amigos” e que ela ressoou em mim. Porque eu tô sempre levantando a bola dos meus amigos, dizendo que eles são incríveis, talentosíssimos e maravilhosos (porque eles são mesmo) e comigo é só autocrítica, autocrítica, autocrítica. Emendei essa consulta com a aula de yoga da Emilia Gayatri e, por coincidência ou providência divina, ela passou um exercício que consistia em se abraçar. É isso mesmo: abraçar-se. Pôr os próprios braços ao redor de si e se dar um abraço apertado. Enquanto eu me abraçava, fechei os olhos, sorri (porque era tão gostoso me abraçar) e me disse mentalmente: “eu te amo, Carol, eu tô tão orgulhosa de você. Você merece tanto, tanto. Obrigada por ser quem você é.” E agora, quando lembro, digo pra mim mesma que me amo e que valho muito. O menino que eu achava que era minha alma gêmea não me escolheu. Mas eu me escolho todos os dias da minha vida.