Boa Boca
O bar-karaokê
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Você já foi ao Boa Boca?
À sua boa boca? Ainda não. Mas espero ir em breve.
Quando eu vou ao Boa Boca, eu vou pra cantar. Não pra ficar interagindo no palco e sendo fofa com a pessoa que tá cantando comigo. Primeiro date não é pra ser no Boa Boca, aprendi recentemente.
Fico focada na letra pra não errar. Especialmente se a música for em inglês. Imagina se eu vou pagar o mico de fazer embromation na frente de um monte de gente? Eu posso até desafinar, normal, todo mundo tem o direito de desafinar no karaokê. Mas eu não pronuncio um fonema “th” errado.
E mesmo que eu não esteja no palco, quero prestar atenção às pessoas cantando, quero cantarolar junto com elas, da mesa mesmo, baixinho ou a plenos pulmões, se for uma música que me toca particularmente.
Quero me surpreender com a rememória de uma música há muito esquecida. Um pagode dos anos 90. Um clássico da MPB da década de 1970. Um pop de meados dos anos 2000. Sambei “Coração em desalinho” com uma menininha de uns 5 anos.
Na hora de pagar, começaram a cantar “Resposta”, aquela canção do Nando Reis interpretada pelo Skank. Havia um menino de uns 2, 3 anos no colo da mãe na minha frente. Ele me olhava fixamente. Comecei a interagir com ele, silenciosamente. Sorria, dava tchauzinhos, mandava beijos. Aí chegou naquela parte “os veeersos meus, tão seus” e eu comecei a chorar (e agora quase choro escrevendo isso e rememorando o momento).
Chorei, também, por causa daquele menino na minha frente. Mas principalmente por causa de outro menino, que não vejo em pessoa há mais de um ano e meio. Um menino (rapaz, homem, chame do que quiser) que foi o objeto de mais de cem dos meus poemas. Os versos meus tão seus que espero que os aceite em paz.