Diálogo carioca e outros poemas
— Qual é a sua estação preferida?
— Cinelândia.
— Não, estação do ano.
— Ah.
O último poema do último príncipe
Eu era capaz de atravessar
Thomaz Coelho e a Vila Cosmos
de bicicleta só pra correr ao teu lado.E isso diz muito sobre minhas coxas
[Releitura de “O último poema do último príncipe”, da poeta portuguesa Matilde Campilho.]
20 de novembro
No meu mundo
Nenhum homem negro é espancado
até a morte em um hipermercado
Nenhuma família passa fome
Nenhuma pessoa em situação de rua
pega chuva ou passa frioHoje, no meu mundo,
Só existem piques enérgicos
movidos pela força da felicidade
e não pela força do ódio,
como outroraEu corro
Corro
Corro
Com um sorriso no rostoNinguém vê meu sorriso
Pois estamos em uma pandemia
e uso máscaraMas eles podem ver
meus olhinhos diminutos
E minhas pernas fortes
A correr em tua direçãoMais tarde você virá
E meu mundo continuará
desse verde vibrante
EsperançosoMeu amor feliz