Libertadores ’19: o Flamengo ganhou, e eu chorei
E eu nem sou Flamengo
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S e o Flamengo não ganhar essa Libertadores, Deus não existe. Publiquei essa controversa afirmação no meu finado Twitter enquanto acontecia a partida. Ao fim do jogo, salientei: Deus existe pra caralho.
Era novembro de 2019, e eu nunca estivera tão feliz. Os antidepressivos tinham acabado de começar a fazer efeito, e eu havia passado por um período de euforia após misturar maconha com as medicações (mais sobre isso aqui).
No dia anterior, havia acontecido a choppada da minha faculdade. Nunca me diverti tanto. Conheci um rapaz na festa e nós continuamos a nos falar via Facebook e WhatsApp. Sentia que aquele encontro tinha potencial.
Perdi o primeiro tempo inteiro. Na verdade, acho que nem havia me dado conta de que aquele era o dia da final da Libertadores. Parei de acompanhar futebol a sério em 2013, mesmo que ainda me considere tricolor de coração.
Liguei, por acaso, a televisão da sala. Tava 1 x 0 pro River. Assistia àquele jogo com o desinteresse dos bobos alegres. Qualquer que fosse o resultado, minha felicidade quimicamente recém-adquirida continuaria lá no alto.
Finalzinho do jogo, passava dos 40 minutos. O Gabigol fez um gol. E logo depois fez outro. E foi aquela catarse. A vizinhança estourava fogos de artifício. A arquibancada do Monumental veio abaixo.
Começou a chover no Rio de Janeiro bem no momento da virada. Uma chuva canivetesca. Uma chuva fora de lugar, fora da estação. Não era uma chuva normal. Era uma chuva que dizia: “Eu existo, Eu sou brasileiro, e o Brasil é o Flamengo.”
Mesmo quem não era Flamengo esteve Flamengo durante aqueles minutos (ou horas). Chorei junto com a chuva. Chorei de fazer barulho. Naquele momento, eu era uma das milhões de pessoas felizes por causa do Flamengo.
Nada de país de B*lson*ro. Nada de recessão. Nada de carne a preços hediondos. Estávamos felizes porque o Flamengo virou de maneira histórica numa final da Libertadores. Às vezes, a vida é boa.
Festa na favela.