Racismo ocasional onírico olariense
Enquanto sonhava, me esforçava pra lembrar do sonho e registrá-lo depois. O título foi pensado pelo meu inconsciente também
Havia um parque que parecia a Quinta da Boa Vista, mas tava mais pra Cemitério de Irajá. Depois, havia uma rua que subia, muito íngreme. No topo dessa rua, havia um prédio. Eu entrei com facilidade nesse prédio. Mas aí começaram a me chamar. Acelerei o passo, entrei no elevador e soltei um “ufa” quando as portas se fecharam.
Em outra parte do sonho, encontrei um urso de pelúcia na rua e, por algum motivo, quis dá-lo de presente a uma amiga (que não existe na vida real). Estava andando pelo outro lado de Olaria, na Angélica Mota, onde tem prédios mais novos e altos. Cheguei a um prédio, cumprimentei o porteiro, que era negro, e adentrei. Novamente ouvi vozes me chamando. Era uma voz feminina. Havia muita gente no lobby, esperando pelo elevador.
Já estava dentro do elevador quando a dona da voz feminina me alcançou. Pediu pra que eu saísse do elevador e disse, com uma gentileza fabricada: “A senhora não pode usar esse elevador. O de serviço fica lá nos fundos.” Ela era branca, tinha cabelos escuros, presos em um rabo de cavalo, e aparentava estar na segunda metade da década de seus 20 anos. Usava uma blusa branca, de uniforme. Trabalhava no prédio.
Um pouco confusa a princípio e depois completamente ciente do que estava acontecendo, respondi: “Eu tô indo visitar uma amiga que mora no 10º andar.” Ela ficou meio constrangida e se desculpou. “Tá vendo? Você me fez perder o elevador!”, reclamei quando as portas se fecharam. A piada é que eu reclamei que perdi o elevador e não do ato de racismo em si. Vai entender as prioridades do nosso inconsciente.